Documento orienta escolas públicas a evitarem referências religiosas cristãs nas atividades pedagógicas, priorizando símbolos laicos como coelhos e ovos.
A Secretaria Municipal de Educação de Pouso Alegre, no sul de Minas Gerais, tem sido alvo de críticas após a divulgação do Informativo nº 015/2025, que orienta as escolas da rede municipal a não utilizarem elementos ligados diretamente à fé cristã nas atividades pedagógicas relacionadas à Páscoa.
No comunicado, enviado no dia 15 de abril, a orientação expressa é que sejam evitadas referências como crucificação, ressurreição ou celebrações litúrgicas. A proposta, segundo o documento, é que a abordagem pedagógica se concentre em "valores universais", como solidariedade, amizade, partilha e respeito, utilizando símbolos como coelhos e ovos de chocolate. O texto fundamenta-se na Constituição Federal, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) e na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que preveem a neutralidade religiosa nas instituições públicas de ensino.
A decisão gerou indignação entre pais, professores e representantes religiosos. Um dos principais críticos foi o padre Chrystian Shankar, que se manifestou nas redes sociais, afirmando que “sem Jesus, não existe Páscoa” e que a exclusão de símbolos cristãos representa uma tentativa de esvaziar o sentido original da celebração.
Segundo ele, o movimento é parte de um processo mais amplo de descaracterização de feriados religiosos cristãos, como já ocorreria no Natal. “A Páscoa é um feriado cristão. Reduzi-la a ‘valores universais’ é negar sua essência, sua origem e sua verdade”, afirmou o sacerdote em postagem que viralizou.
O caso reacende o debate sobre os limites entre a laicidade do Estado e a presença de manifestações religiosas nas instituições públicas. Enquanto a legislação brasileira assegura o caráter laico do ensino público, setores religiosos argumentam que a aplicação desse princípio tem levado à exclusão de manifestações legítimas da fé cristã no espaço escolar.
A Prefeitura de Pouso Alegre ainda não se manifestou oficialmente sobre as críticas.
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